O ano é 1830. Caças ao
tesouro em países tidos como místicos, como o Egito, são comuns. O Museu
Britânico, em Londres, já a tempos aumenta muito o seu acervo. Em uma das
escavações egípcias cientistas descobrem o carvânico, um tipo de combustível
sólido visualmente parecido com o carvão mas cuja queima produz uma quantidade
muito maior de energia térmica, e a tecnologia a vapor começa a ser mais
explorada, devido a possibilidade de motores menores e, portanto, de construção
mais barata. Somado à tecnologia dos motores Stirling (que seria aperfeiçoada
ao longo do século), impulsionou a revolução industrial, deixando a
eletricidade esquecida (alguns dirão que as mortes precoces e acidentais de
cientistas ligados ao desenvolvimento de estudos sobre o eletromagnetismo e a
condutividade elétrica são as principais responsáveis por este abandono, mas
tais acusações são vistas com desdém pelo povo, que as vê como teorias de
conspiração sem relevância).
Na década de 1840 a
medicina tem grandes avanços, impulsionada pela necessidade criada pelo êxodo
rural e pela superpopulação das cidades que se industrializavam cada vez mais.
No fim da década o renomado ex-químico e médico Dr. Frankenstein afirma ter
descoberto o segredo da vida, reanimando um morto. Ele é internado num hospício
e, com incontroláveis crises de ansiedade, afirmando que deveria procurar pela
“criatura” foragida, acaba lobotomizado.
Já na década de 1850 a
química consegue criar um composto fluorescente que, aos poucos, começa a
substituir as lamparinas a querosene. Essa tecnologia, porém, é muito cara, e
apenas as casas dos muito abastados tem tais “globos de luz”. Esses globos
brilham muito mais do que as lamparinas (de 50 a 80 velas), podendo sozinhos
iluminar cômodos de tamanho considerável. O composto, porém, é altamente
tóxico, e acidentes causando o rompimento do vidro dos globos já mais de uma
vez mataram famílias inteiras. A loucura de Frankenstein é ligada aos estudos
preliminares da substância. A química é, porém, uma área muito restrita, não
sendo ensinada em cursos comuns, mas apenas através de discipulado.
Em 1860 os grandes
dirigíveis já são comuns, pilotados através de hélices que funcionavam com a
tecnologia Stirling para a movimentação e de um sistema de contrapesos para o
direcionamento. O maior dirigível já feito chega a permitir que aviões
planadores sejam levados aos céus para de lá alçar voo. Se começa a buscar
isolantes térmicos mais compactos e leves, de modo que os motores sejam cada
vez menos motivo de queimaduras (às vezes sérias) em tripulações e convidados.
As guerras criadas
pela eugenia europeia se espalham ainda mais, dizimando tribos inteiras de
colônias e ex-colônias.
1870. Os primeiros
aviões com motor próprio (movidos por hélices) alçam voo. Três marujos narram a
existência de um barco que navega por baixo do mar, um submarino, como eles
chamam. Dizem ter cruzado o mundo neste invento, que funcionava a base de
eletricidade gerada através da água salgada. São tidos como loucos e desaparecem
da sociedade. Descrevem em suas histórias o Maelstrom, que é prontamente
investigado pelo jornalista sensacionalista, Sr. Edgar A. Poe. Eles também
dizem ter visto o lendário Kraken de perto. Claro que Charles Darwin os
ridiculariza.
Buscando aumentar a
capacidade produtiva de uma sociedade cada vez mais assolada pelas doenças que
acompanham a falta de saneamento básico as empresas começam a distribuir
“vacinas” a seus trabalhadores. Os efeitos são variáveis, indo desde um aumento
da força física até a capacidade do usuário ficar sem comer ou dormir por dias
ininterruptamente. O efeito para a indústria é positivo, mas para a classe
operária, porém, é muito negativo: as vacinas são caras e viciantes, e famílias
inteiras, mesmo crianças, se veem viciados e endividados, nascendo um
“escravismo moderno”, já que funcionários ficavam presos a seus patrões por
suas dívidas. Na década seguinte as vacinas começariam a aparecer no mercado
negro, mais baratas do que nas fábricas. Mais perigosas também.
No fim da década se
começa a desenvolver tecnologias que possibilitem um controle mais preciso dos
motores de combustão externa. Isso culminaria na criação dos primeiros
automóveis e motocicletas no início da década seguinte, e dos autômatos, no
final dela.
Já na década de 1880,
Graham Bell finaliza a criação do fotófono, aparelho que permite o diálogo a
distância, enviando som através da luz. Se inicia a procura por materiais
capazes de conduzir a luz de forma linear, de modo que se possibilite a
utilização do fotófono a grandes distâncias, como entre cidades, ou mesmo
continentes. Se considera, ainda, a possibilidade de utilização de ondas
ultravioleta (a Luz Negra, já alcançada pela química fluorescente).
Ainda no começo do
século, a ciência da mente se desenvolve e a parceria entre o Dr. Freud e o Dr.
Jekill os leva para o caminho do que virá a ser a psicanalise. A teoria diz que
a cultura reprime a natureza humana a ponto de alguns seres deixarem de se
reconhecer em si próprios. O desenvolvimento da teoria do complexo de Édipo é a
última colaboração de Jekill com Freud. Ele desaparece durante o fim dos
experimentos, enquanto Freud escreve sobre a dualidade entre o homem que ama a
mãe e o homem que odeia o pai.
Nas colônias e
ex-colônias da África e da América (principalmente do sul), a caça ao tesouro
iniciada no início do século continua. Os primeiros autômatos surgem.
O jogo se inicia em
1888.